domingo , 24 novembro 2024
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Prédios verdes ganham terreno no Brasil

Empreendimentos sustentáveis já representam mais de 8% do Produto Interno Bruto de edificações em todo o País

 

 

 

 

 

Edifício Eólis foi 100% locado no período de quatro meses
Foto: Antonio Paz/ JC

Ariel Engster

O edifício Eólis fica no número 1.950 da avenida Carlos Gomes. No topo do prédio, um cata-vento chama a atenção. É o gerador eólico que abastece as áreas comuns da construção. O empreendimento em Porto Alegre conta ainda com reaproveitamento da água da chuva e brises para sombrear a fachada, entre outros mecanismos que garantiram ao edifício o posto de primeiro prédio brasileiro com a certificação Alta Qualidade Ambiental (Aqua) para operação e uso – ou seja, a garantia de que não só dispõe de equipamentos que diminuem o impacto ambiental do empreendimento, como de fato faz uso desse potencial.

O Aqua é um dos certificados que garantem e incentivam a construção e operação de empreendimentos que respeitem o meio ambiente e busquem gerar o menor dano possível à natureza. Os selos verdes vêm ganhando força nos últimos anos, acompanhando o crescimento do mercado de prédios sustentáveis. Em 2012, o valor total dos prédios certificados com o selo mais utilizado no Brasil, o Leadership in Energy and Environmental Design (Leed), chegou a R$ 13,6 bilhões, segundo a consultoria EY. Como o PIB geral de edificações (que exclui obras de infraestrutura), no mesmo ano, ficou em R$ 163 bilhões, a contribuição dos prédios verdes para o indicador foi de 8,3% – em 2010 não chegava a 3%.

O selo Leed é outorgado pela Green Building Council Brasil (GBC Brasil). Atuando desde 2007 no País, a organização viu saltar o número de empreendimentos buscando o diferencial da certificação. “Quando começamos esse movimento no Brasil, tínhamos oito projetos. Hoje estamos chegando a 800. É um mercado que vem respondendo muito rápido a essa nova demanda do setor”, afirma o diretor técnico e educacional da GBC Brasil, Marcos Casado.

Para ser certificado como prédio verde, o empreendimento precisa atender a requisitos como incentivo ao uso de transporte público ou ecológico, uso racional da água, adoção de tecnologias mais eficientes, gestão de resíduos, utilização de materiais extraídos a no máximo 800 km de distância, ambiente interno voltado para o bem-estar, conforto e produtividade das pessoas e uso de madeira certificada. Atualmente, o Brasil é o quarto país com maior número de empreendimentos certificados pelo Leed, atrás de Estados Unidos, China e Emirados Árabes. No entanto, o ritmo do mercado deve garantir ao País a terceira colocação nos próximos meses. Dos 115 edifícios certificados no Brasil, três estão no Rio Grande do Sul: a sede da SAP Labs, em São Leopoldo, a loja da C&A na rua dos Andradas, em Porto Alegre, e o Shopping Estação San Pelegrino, em Caxias do Sul. O Estado é o quinto com mais empreendimentos certificados, atrás de São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e Distrito Federal.

A maior parte dos prédios certificados é comercial. Para Casado, a preocupação com o retorno financeiro foi o que levou o setor a puxar o mercado sustentável. “Apesar de, às vezes, você gastar um pouquinho mais na construção, o retorno do investimento vem muito mais rápido, porque vai haver uma maior valorização do imóvel e uma redução do custo operacional”, afirma, ressaltando que, se desde o início a construção for voltada para a sustentabilidade, pode não haver custo adicional. Em geral, o custo de produção acaba sendo de 1% a 7% maior, mas, em compensação, o consumo de água baixa de 30% a 50% e o gasto com energia fica 30% menor.

O edifício Eólis foi totalmente locado em quatro meses, período inferior a outros prédios administrados pela mesma empresa, a Auxiliadora Predial. Para o vice-presidente da companhia, Christian Voelcker, o que acaba contando mais para o comprador final é mesmo o benefício posterior. “Como o proprietário tem uma visão de longo prazo, o maior investimento inicial não é um fator determinante”, afirma. A Joal Teitelbaum lançou em 2007 o primeiro prédio residencial brasileiro sob as regras do GBC. Para o diretor de qualidade e relacionamento da empresa, Cláudio Teitelbaum, a diminuição dos gastos, proporcionada pelas práticas sustentáveis, é também uma forma de atração de clientes. “Uma das bases da sustentabilidade é a economia, tanto na implantação das tecnologias limpas quanto no benefício que o condômino vai ter na conta de água e de luz”, garante Teitelbaum.

Apesar de o setor comercial ainda liderar, nos últimos dois anos tem crescido o número de certificações de unidades industriais, prédios públicos, centros de distribuição, hospitais e shoppings. Para os diferentes fins, há diferentes certificações, e, atualmente, as residências têm recebido uma maior atenção. No ano passado, a GBC Brasil desenvolveu um selo específico para moradias. Dos nove projetos-piloto selecionados, um deles fica no Rio Grande do Sul, em Viamão.

Fonte: Jornal do Comércio – Mercado Imobiliário

 

 

 

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