Após consumirem água de riacho e poço, pessoas passaram mal. Fato ocorreu em Cacique Doble, onde substância proibida foi apreendida.
O Ministério Público do Rio Grande do Sul investiga uma possível contaminação por agrotóxicos de um riacho e um poço artesiano em Cacique Doble, no Norte do Rio Grande do Sul. A suspeita é que a aplicação do produto tenha sido a causa da internação de 10 pessoas no hospital do município.
Um bebê de 40 dias e outras duas crianças estão entre os pacientes. Todos apresentam os mesmo sintomas: falta de ar, sensação de sufocamento, feridas e coceira, após consumirem água do riacho e do poço. "Começou a me dar falta de ar e tontura, e eu acabei desmaiando", conta a menina Lara Eduarda Faggion Guero, de 12 anos.
O MP em São José do Ouro apreendeu na última sexta-feira (5) o trator utilizado, o pulverizador e quatro embalagens de agrotóxicos, que continham substâncias como o 2,4-D, proibido por lei municipal de ser aplicada nas lavouras.
"Nós coletamos água, solo e vegetação daquela área onde teve a aplicação de produtos segundo informações. Até o momento, nós só temos informações. Não temos nenhum dado concreto", diz a secretária municipal de agricultura, Maria Helena Benedetti.
Segundo os moradores, a água do riacho possivelmente contaminado tinha com a coloração esbranquiçada, como se estivesse com excesso de cloro, mas com um cheiro forte e insuportável. A aposentada Loiri Faggion conta que usou a água para lavar as roupas e regar a horta, e também passou mal. "É um negócio no estômago, que a gente não consegue comer, não consegue se alimentar", disse.
A médica Alexandra Bastos, que atendeu os pacientes, afirma que os sintomas não são de intoxicação pelo ar. "Quando a pessoa tem uma exposição mais profunda com gases tóxicos, a pessoa faz uma pneumonite química, que é como se fosse uma pneumonia, e isso aparece na ausculta (uso do estetoscópio para verificar a atividade dos pulmões). Em 24 horas, que foi quando eles começaram a chegar, eles já teriam alguma modificação na ausculta pulmonar", explicou.
Foram recolhidas amostras de sangue dos pacientes para verificar se há a presença de alguma substância nociva.
Fonte: G1 RS
Imagem: RBS/Divulgação