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Carvão deve se tornar principal fonte de energia até 2017, diz AIE

De acordo com a Agência Internacional de Energia (AIE), nos próximos cinco anos o consumo de carvão pode chegar a 4,32 bilhões de toneladas equivalentes de petróleo (btep), contra 4,4 bilhões de btep de petróleo, fazendo com que o recurso se torne a principal fonte de energia do planeta. Esses dados, presentes em um novo relatório da AIE, são preocupantes porque o carvão é ainda mais poluente do que o petróleo, o que significa que as emissões mundiais podem aumentar ainda mais.

“Graças a abundantes recursos e a uma insaciável demanda de eletricidade dos mercados emergentes, o carvão representou cerca da metade do aumento da demanda mundial de energia na primeira década do século 21”, comentou Maria van der Hoeven, diretora da AIE.

“Esse relatório observa que a tendência está continuando. De fato, o mundo queimará cerca de 1,2 bilhão a mais de toneladas de carvão por ano até 2017 comparado a hoje – o equivalente ao consumo de carvão atual da Rússia e dos EUA somados. A cota do carvão nas fontes de energia mundial segue progredindo a cada ano, e se nenhuma mudança for feita nas atuais políticas, o carvão alcançará o petróleo dentro de uma década”, acrescentou ela.

Segundo o relatório, esse aumento no consumo será liderado principalmente pelas grandes economias emergentes, como China e Índia, mas a demanda deve crescer em quase todas as regiões do mundo, exceto nos EUA, onde o gás natural está ganhando espaço.

“A experiência dos EUA sugere que um mercado mais eficiente de gás, marcado pela precificação flexível e alimentado por recursos nativos não convencionais que são produzidos sustentavelmente, pode reduzir o uso de carvão, as emissões de CO2 e as contas de eletricidade dos consumidores sem prejudicar a segurança energética. Europa, China e outras regiões deveriam tomar nota”, observou Hoeven.

A demora no sucesso das tecnologias de captura e armazenamento de carbono (CCS) também contribui para esse cenário favorável ao carbono, declarou a AIE. “As tecnologias de CCS não estão decolando como se esperava, o que significa que as emissões de CO2 continuarão crescendo substancialmente. Sem o progresso no CCS, e se outros países não puderem replicar a experiência dos EUA e reduzir a demanda de carvão, o carvão corre o risco de uma potencial reação política climática”, concluiu a diretora da agência.

Apesar disso, o relatório indica que após 2017 essa tendência tende a se inverter, e os níveis do consumo de carvão devem ficar apenas um pouco acima dos de 2011, devido ao aumento da geração renovável e da desativação de usinas carboníferas antigas.

Subsídios

A opção pelo carvão se deve em muito por causa dos enormes subsídios que são destinados anualmente para os combustíveis fósseis. Segundo a própria AIE, apenas em 2011 foram US$ 523 bilhões em recursos públicos. Mas já há sinais de que esse tipo de política pode se alterar em breve.

Nesta segunda-feira (17), os ministros do Meio Ambiente de diversos países da União Europeia, incluindo Alemanha, Itália, Dinamarca e Letônia, recomendaram que os subsídios fornecidos aos combustíveis fósseis devem ser diminuídos para que o bloco possa se desenvolver de maneira mais sustentável.

O painel de ministros apresentou o manifesto Europa Eficiente em Recursos, pedindo que, além do corte nos subsídios, a UE se foque também em investimentos privados, regulação mais eficaz e melhores condições de mercado para produtos duráveis e recicláveis. Até 2013, o painel pretende lançar mais um conjunto de recomendações de políticas de curto prazo.

Mas apesar desse pedido, novas pesquisas mostram que os subsídios continuam grandes, e a participação das fontes fósseis no mix energético mundial continua a crescer.

Dados do centro de pesquisa Chatham House alertam que as principais economias da UE, Alemanha, França, Espanha, Reino Unido e Itália, estão entre os maiores importadores de recursos do mundo, e cada vez mais vulneráveis às flutuações de preço dos combustíveis fósseis, metais e alimentos.

Além disso, informações da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) mostram que a Alemanha forneceu €7,4 bilhões em subsídios para combustíveis fósseis em 2010, seguida pelo Reino Unido, com € 4,5 bilhões, a Espanha e a França, com €2,6 bilhões, e a Itália, com €1,5 bilhão.

Fonte: Jéssica Lipinski, do Instituto CarbonoBrasil

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