Por Ênio Fonseca
O Setor de mineração tem reconhecida importância na cadeia produtiva nacional e internacional. Bens minerais estão presentes praticamente em tudo no nosso dia a dia. Na água que bebemos, nos fertilizantes que garantem a produção de alimentos, na construção civil, nos transportes, na geração, transmissão e distribuição de energia, em produtos diversos, além de gerar, em nosso país, mais de 200 mil empregos diretos e robusta arrecadação para o toda a economia e para o setor público.
A percepção do setor pela sociedade vem sendo acompanhada de perto por uma iniciativa do Instituto Brasileiro de Mineração- IBRAM, que realiza anualmente um estudo, junto com a empresa especializada RepTrak TEAM, cujos dados mais recentes foram apresentados à sociedade no mês de junho de 2023.
A reputação com o público geral se situou no patamar 63,1% considerado mediano.
A ideia deste artigo foi ampliar junto aos público interessado, os resultados apresentados pelo IBRAM, sendo que as informações aqui replicadas são todas do relatório “Reputação do Setor de Mineração no Brasil- Percepções e expectativas da Sociedade e de stakeholders estratégicos- IBRAM- MAIO 2023.
De acordo com o documento temos as seguintes considerações:
“Como as percepções são formadas? Percepção pode diferir de um público para outro com base nas expectativas, no nível de conhecimento e tipo de relacionamento que têm com a empresa. Nem tudo que sabemos que o setor ou a empresa faz e fala é percebido pelos públicos
As 4 interfaces que formam a formam a percepção são:
1) Atuação/Experiência Direta ( O que o setor faz?)
2) Comunicação ( O que o setor fala?)
3) Terceiros ( O que outros falam sobre o setor?)
4) Contexto ( O que acontece no Brasil e no mundo?)
As duas primeiras podem ser mais controladas. Contudo, as duas últimas acontecem independente da atuação do setor/ da empresa.
A percepção pode diferir de um público para outro com base nas expectativas, no nível de conhecimento e tipo de relacionamento que têm com a empresa.
Na gestão da reputação, é fundamental o acompanhamento dos diferentes públicos. E dada a conectividade atual, a percepção é cada vez mais fortemente influenciada pela opinião pública, por isso, recomenda-se o acompanhamento desse público em especial”.
Quanto ao perfil dos públicos pesquisados foram feitas 1000 avaliações quantitativas on-line entre 31/01 a 04/02/2023, sendo 49,4% do público masculino e 50,6% do público feminino distribuídas nas seguintes regiões:
Norte 9,1%, Nordeste 28,5%, Sudeste 39,9%, Sul 14,6%,Centro-Oeste 7,8%
Quanto à distribuição nas classes sociais tivemos:
A 37,6%, B 47,3%, C 14,2% e D/E 0,9%
Também foram feitas entrevistas qualitativas com 35 influenciadores , entre fevereiro e março de 2023.
Fonte IBRAM 2023
*Média da reputação das empresas do setor: até jan/17 é considerado o dado obtido por meio dos estudos institucionais da RepTrak, previamente chamada Reputation Institute. Nas datas seguintes são considerados os resultados da pesquisa exclusiva e customizada do IBRAM, contratada junto à RepTrak.
A reputação do setor de mineração observada pelo Público Geral se encontra no nível de aceitação mediana com 63,1 %.
Em 2023 o % de público que confiaria faria o correto frente a crises foi de 47,4%, seriam neutros 38,3% e seriam detratores 14,3%. Os grupos com níveis de detratores mais altos: Pessoas do gênero feminino, 45 a 64 anos, situadas em Minas Gerais e São Paulo.
Há um resfriamento da percepção, registrando 63,1 pontos na média geral – recuo de 2,9 pts na comparação com 2022.
Dentre os aspectos racionais, a queda principal ocorre no fator “promove a geração de emprego e renda nas comunidades” (-6,3 pontos). Também a avaliação de contribuição para o desenvolvimento do país e contribuição positiva à sociedade é mais baixa. E em ambiente de trabalho, registra-se um recuo forte também, seguido de uma queda na intenção de trabalhar no setor.
Um elemento que surge mais forte e indica um impacto negativo nessa onda é a questão do garimpo e relação deste com o meio ambiente e os povos originários. Há críticas fortes nesse sentido em diferentes estados do Brasil. Especialmente o público feminino e faixa de 45 a 64 anos mostra-se bem crítico a isso. E são dois dos segmentos que revelam quedas expressivas.
Há iniciativas positivas e que geram algum reconhecimento, mas não são suficientes para evitar a queda – especialmente porque dividem espaço com os temas negativos que fazem emergir preocupações antigas e não sanadas.
As principais associações espontâneas levantadas nas pesquisas para o ano de 2023:
Fonte IBRAM 2023
Falas espontâneas trazem um peso forte à questão de segurança operacional, transparência e mineração sustentável para o resgate da confiança
Fonte IBRAM 2023
Quanto à percepção do setor pelo segmento imprensa temos:
Fonte IBRAM 2023
Quanto à percepção do setor pelo segmento entidades de classe temos:
Fonte IBRAM 2023
Quanto à percepção do setor pelo segmento poder público temos:
Fonte IBRAM 2023
Quanto à percepção do setor pelo segmento lideranças comunitárias temos:
Fonte IBRAM 2023
Quanto à percepção do setor pelo segmento ONGs temos:
Fonte IBRAM 2023
Quanto à percepção do setor pelo segmento empregados temos:
Fonte IBRAM 2023
Um levantamento detalhado como este, é uma iniciativa importante levado a efeito pelo IBRAM, e que conta com o apoio de diversas outras associações setoriais, como a Associação Mineradores de Ferro do Brasil- AMF. Conhecer a percepção dos diferentes stakeholders é essencial na busca de um relacionamento transparente, no entendimento dos desejos da sociedade, e na adoção das melhores práticas de sustentabilidade definidas nos conceitos ESG e nas ODS 2030 da ONU.
Ênio Fonseca – Engenheiro Florestal, Senior Advisor em questões socioambientais , Especialização em Proteção Florestal pelo NARTC e CONAF-Chile, em Engenharia Ambiental pelo IETEC-MG, , em Liderança em Gestão pela FDC, em Educação Ambiental pela UNB, MBA em Gestão de Florestas pelo IBAPE, em Gestão Empresarial pela FGV, Conselheiro do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico, FMASE, foi Superintendente do IBAMA em MG, Superintendente de Gestão Ambiental do Grupo Cemig, Chefe do Departamento de Fiscalização e Controle Florestal do IEF, Conselheiro no Conselho de Política Ambiental do Estado de MG, Ex Presidente FMASE, founder da PACK OF WOLVES Assessoria Ambiental, parceiro da Econservation, Gestor Sustentabilidade Associação Mineradores de Ferro do Brasil.
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