quinta-feira , 25 setembro 2025
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Pragmatismo climático: Corra, mas devagar (Mudanças Climáticas)

Enio Fonseca e Decio Michellis Jr.

“Ah, não! Todos sabemos que a Mudança Climática é a narrativa universal e infalsificável. Sem furacões? Mudanças Climáticas. Furacões? Mudanças Climáticas. Seca? Mudanças Climáticas. Inundações? Mudanças Climáticas. Temperaturas baixas no inverno? Mudanças Climáticas. Temperaturas altas no verão? Mudanças Climáticas. Terça-feira? Mudanças Climáticas. Trump? Mudanças Climáticas. Sem sexo? Mudanças Climáticas. Sem aquecimento global? Mudanças Climáticas.”.
(Mike McDaniel)

A cada novo evento ou tragédia ambiental uma “enxurrada” de justificativas, explicações e propostas (raramente técnica e economicamente viáveis) são apresentadas. Mesmo que estas ocorrências estejam devidamente registradas nos últimos 525 anos. A última moda é culpar as mudanças climáticas antropogênicas (fenômeno amplo, complexo e impessoal) por absolutamente tudo que acontece nos desastres naturais e justificativa para inação pontual/local.

Sim, o bater das asas de uma borboleta num extremo do globo terrestre, pode provocar uma tormenta no outro extremo no intervalo de tempo de semanas…. Na teoria do caos, o efeito borboleta é a dependência sensível das condições iniciais nas quais uma pequena mudança em um estado de um sistema não linear determinístico pode resultar em grandes diferenças em um estado posterior.

O termo está intimamente associado ao trabalho do matemático e meteorologista Edward Norton Lorenz. Ele observou que o efeito borboleta é derivado do exemplo metafórico dos detalhes de um tornado (o tempo exato de formação, o caminho exato percorrido) sendo influenciado por perturbações menores, como uma borboleta distante batendo suas asas várias semanas antes. []

El Niño e La Niña são padrões climáticos naturais que resultam de interações entre o oceano e a atmosfera. Ambos envolvem anomalias das temperaturas da superfície do oceano e da circulação atmosférica, resultando em extremos climáticos em todo o mundo.

Enquanto o El Niño consiste no aquecimento anormal do Oceano Pacífico Equatorial, a La Niña é o inverso, provocando o resfriamento do Pacífico Equatorial.

Ocorre que vivemos uma combinação das anomalias climáticas cíclicas El Niño e La Niña muito rigorosas, que produzem exacerbação dos fenômenos climáticos e desastres naturais e humanitários reais, cuja frequência e intensidade estão aumentando. As previsões para as consequências das mudanças climáticas são catastróficas, com aumento do intemperismo e ocorrências de eventos críticos: tempestades severas, secas, enchentes, chuvas de maior intensidade, ainda que o volume de chuvas não deva aumentar ao longo do ano, aumento da desertificação e restrição de acesso à água potável, condições precárias de vida que resultarão em migrações e refugiados “ambientais”. São alterações que afetam tudo, inclusive a “produção” das energias renováveis.

Se os objetivos Net Zero forem alcançados globalmente até 2050, o clima continuará a mudar devido ao clima natural e à variabilidade climática: erupções vulcânicas, efeitos solares, oscilações em grande escala das circulações oceânicas e outros processos geológicos. Considerando a inércia no sistema climático (particularmente nos oceanos e nas camadas de gelo), seriam necessárias muitas décadas até que houvesse qualquer mudança perceptível nos eventos meteorológicos/climáticos extremos e na subida do nível do mar depois de o Net Zero ter sido alcançado.

Empresas de todo o mundo estão se comprometendo cada vez mais com a mitigação das mudanças climáticas, comprometendo-se a reduzir as emissões de carbono e o consumo de água em suas operações e cadeias de suprimentos, em um esforço para diminuir o ritmo do aquecimento global e proteger melhor os ecossistemas ambientais. No entanto, esses esforços apenas evitam um futuro pior, em vez de abordar as consequências inevitáveis dos danos já causados. As compensações de carbono ainda precisam demonstrar um impacto significativo na atmosfera e, atualmente, os esforços mundiais de sequestro de carbono supostamente removem apenas 1% das emissões globais anuais.

Promessas perfeitamente vagas a uma década de distância: O “Acordo financeiro” da COP 29 sem substância, transformou “a diplomacia é verdadeiramente a arte de não concordar com nada”. O Acordo de Paris comprometeu os países desenvolvidos a fornecer US$ 100 bilhões por ano aos países em desenvolvimento até 2025. A COP 29 deveria simplesmente revisar esse pagamento anual para cima a partir de 2026. MAS não aconteceu. O fiasco começou quando os países em desenvolvimento exigiram enormes somas impossíveis centradas em US$ 1,3 trilhão. Os países em desenvolvimento supostamente têm algo como um custo combinado de US$ 10 trilhões em planos climáticos oficiais até 2030. O pagamento anual de US$ 1,3 trilhão está lá, mas é “até 2035”, ou seja, daqui a dez anos, não em 2026.

Além disso, esse dinheiro não precisa vir dos países desenvolvidos e certamente não de seus governos. Primeiro, ele deve vir “de todas as fontes públicas e privadas”. Segundo, as fontes elegíveis foram expandidas para incluir todos os países em desenvolvimento, bem como os desenvolvidos. []

Essas duas disposições mudaram fundamentalmente o conceito de financiamento climático. Costumava incluir principalmente dinheiro governamental indo de países desenvolvidos para países em desenvolvimento. Agora parece que qualquer investimento ou contribuição relacionada ao clima que acabe em um país em desenvolvimento conta.

Vivemos um dilema permanente entre os riscos detectáveis x riscos indetectáveis; os controláveis x incontroláveis; voluntários x riscos impostos; conhecidos x vagos/indeterminados; riscos fundamentais para o dia a dia x riscos incomuns; riscos futuros x imediatos. O simples fato de existirmos e respirarmos já aponta uma pegada negativa de carbono. Se consumirmos alimentos, produtos e serviços, oh meu Deus (!!!), estamos diretamente contribuindo para o fim do mundo. Estamos demandando recursos naturais, e boa parte deles não renováveis, bem como deixando um rastro de poluição nem sempre evidente. A este efeito se dá o nome de pegada ecológica. Será que todas estas lacrações e teses apocalípticas apontariam para um pacto maligno de destruição do mundo como o conhecemos com as forças das trevas?

Somos bombardeados constantemente por prognósticos catastrofistas e anúncios de limites da capacidade de suporte da vida humana na terra. Ocorrem que todas as tentativas de fixar os limites de sustentabilidade da terra foram inexoravelmente frustradas. No máximo se consegue estimar os impactos futuros a luz das tecnologias e práticas presentes. Melhorias contínuas, rupturas e revoluções tecnológicas, culturais e socioeconômicas, tem sistematicamente elevado os limites da capacidade de suporte da vida humana no planeta.

Vivemos um paradoxo: a evolução tecnológica está aumentando a nossa dependência e uso da energia elétrica. Mesmo com programas intensivos de eficiência energética o consumo per capita de eletricidade vai crescer. E particularmente as inovações tecnológicas estão aumentando a nossa dependência de energia elétrica.

Destaque para os data centers, Inteligência Artificial, Cloud e setor bancário com as criptomoedas. São verdadeiros devoradores de energia elétrica.

A principal razão pela qual os economistas do clima esperam que os efeitos negativos das mudanças climáticas sejam superados por desenvolvimentos positivos é a engenhosidade humana. Nossa espécie sempre desenvolveu soluções inteligentes para nos proteger contra os elementos naturais, povoando muitas regiões da Terra que seriam “inabitáveis” sem tecnologia, mas especialmente nos últimos dois séculos, nosso domínio sobre a natureza alcançou sucessos espetaculares. A melhor ilustração é aquela que está na mente de todo catastrofista climático: desastres naturais. Apesar do que todos acreditam e do que todas as manchetes sensacionalistas estão dizendo, as mortes globais por milhão de pessoas devido a desastres naturais caíram por um fator de 100 no último século. A Mãe Natureza se tornou mais violenta e caprichosa nos últimos anos (pelo menos quando se trata de furacões e inundações, embora não de terremotos ou erupções vulcânicas), mas isso torna nossa conquista ainda mais impressionante.

Nas ocasiões restantes em que as notícias relatam uma inundação ou furacão que causou dezenas de milhares de vítimas, a explicação é quase sempre a pobreza e, portanto, a falta de resiliência. Para países ricos e resilientes, uma onda de calor ou furacão é geralmente pouco mais do que um inconveniente ou incômodo administrável na pior das hipóteses, mas para países pobres pode significar fome, falta de moradia e morte em grande escala.

Propostas do Governo Brasileiro para a COP30

De acordo com o embaixador Andre Correa, a Agenda de Ação da COP30 foi pensada para reunir os elementos essenciais que constam no Balanço Global do Acordo de Paris (GST, na sigla em inglês), lançado na COP28, em Dubai. Ao todo, seis eixos fazem parte da agenda proposta pela presidência brasileira da Conferência, com 30 compromissos — que são uma sistematização dos 490 tópicos propostos nas últimas dez agendas de ação das COPs anteriores. A intenção é chamar a atenção dos agentes que implementam, na prática, as iniciativas climáticas, como os governos locais, sociedade civil, setor privado e academia.

A Presidência da COP30 propõe traduzir os resultados do Balanço Global em seis grandes eixos temáticos e trinta objetivos-chave, que serão impulsionados por múltiplas soluções.
Os seis eixos da Agenda de Ação cobrem esforços para mitigação, adaptação, financiamento, tecnologia e capacitação:

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Os 30 objetivos-chave da COP 30 devem elevar a ação climática que começa e termina com as pessoas, incluindo mulheres e jovens, entre diversos grupos:

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Merecem destaques:

A – Propostas financeiras e de financiamento

Fundo Florestas Tropicais para Sempre (TFFF): Proposta para criar um fundo baseado em desempenho, com o objetivo de mobilizar US$ 4 bilhões anuais para recompensar países pela conservação de florestas tropicais, com ênfase em comunidades locais e povos indígenas.
Reforma dos Bancos Multilaterais de Desenvolvimento (MDBs): Prioridade para a reestruturação dos MDBs, visando torná-los mais eficazes e acessíveis para o financiamento climático de países em desenvolvimento.

Financiamento Concessional e Fundos Climáticos: Expansão de recursos financeiros concessionais e criação de fundos para apoiar ações climáticas em países com menor capacidade.
Plataformas e Investimentos: Desenvolvimento de plataformas nacionais para fortalecer a capacidade de atrair investimentos privados em projetos sustentáveis e de baixo carbono.
Instrumentos Financeiros Inovadores: Criação de mecanismos financeiros inovadores para mobilizar mais capital privado para o financiamento da transição verde.

B – Outras propostas e objetivos

Metas Climáticas: O governo brasileiro espera que muitos países (entre 100 e 120) anuncie metas climáticas ambiciosas para 2035 até a COP30.

Amazônia no Centro: A COP30, sediada em Belém, tem a Amazônia como um foco central, posicionando o Brasil como um líder na discussão sobre preservação de biomas e redefinição de metas globais.

Soluções Brasileiras: Apresentação de soluções brasileiras para o combate às mudanças climáticas, como o uso de energias renováveis, agricultura sustentável e a preservação da floresta.

Justiça Climática: Ênfase na importância da justiça climática e na proteção das populações mais vulneráveis aos impactos das mudanças climáticas.

Catastrofismo Climático

Ao declarar uma emergência climática, um governo, entidades, cidades e universidades admitem que o aquecimento global existe e que as medidas adotadas até esse momento não são suficientes para limitar as mudanças trazidas por ele. A decisão exige que o governo e a administração planejem medidas que tentem parar o aquecimento global causado pelo homem.

Os alarmistas da mudança climática estão pressionando por uma mudança no vocabulário para assustar as pessoas a levar o aquecimento global antropogênico mais a sério, começando com termos como “colapso global” e “colapso climático” na esperança de levar as pessoas a um engajamento significativo.

Para levar as pessoas a “agirem” contra a mudança climática, e introduzir a noção de que, o mundo como o conhecemos está acabando, a “mudança de conceito” é crucial, uma vez que as pessoas se acostumaram demais à ideia de que o clima está mudando e precisam ser chocadas. []

O medo do clima não funciona a menos que você também diga às pessoas o que fazer.

“Os apelos ao medo também podem ter o efeito oposto ao pretendido, causando indiferença, apatia e sentimento de impotência. Quando as pessoas veem um problema como grande demais, elas podem parar de acreditar que qualquer coisa possa ser feita para resolvê-lo. Se o medo é motivar as pessoas, os estudos sugerem que uma solução também deve ser apresentada para focar as mentes na ação.

Informar as pessoas sobre guerras, crises e emergências é uma parte importante do papel da mídia, mas podemos ter atingido o “pico da negatividade”, onde as notícias estão tão cheias de crises que as pessoas estão cada vez mais evitando-as. Eles estão se sentindo desengajados, desmotivados e deprimidos sobre o estado do mundo e seu papel nele.

O jornalismo construtivo deve adotar uma abordagem focada na solução que cubra os problemas com a seriedade apropriada, mas também responda ao inevitável “e agora?” Descrevendo como problemas semelhantes foram abordados em outras partes do mundo. A consciência da mudança climática é alta e crescente, mas as soluções potenciais precisam de mais atenção.” []

Um exemplo importante uso do alarmismo da emergência climática pelas burocracias governamentais é sobre a centralização do controle sobre a água (ex.: “E quando olharmos para 2030, o mundo precisará de 56% a mais do que a natureza pode repor através do ciclo da chuva. Precisaremos reutilizar e reciclar a água”). Estão repletos das mensagens habituais sobre as mudanças climáticas que tornam as secas mais frequentes e longas, e a água mais escassa, então, obviamente, precisamos agir — ou melhor, deixar que os políticos e os empresários do setor ajam em nosso nome, porque eles sabem o que estão fazendo: com IA — Inteligência Artificial, educação — e com restrições ao consumo de água.

Água é considerado um direito humano fundamental. Ela sempre foi uma necessidade básica, assim como o alimento e o ar. Agora como categoria de direito humano, implica certas restrições a esse direito para que mais pessoas possam continuar a tê-lo. É a mesma ideia de “vamos reduzir nosso consumo de combustíveis fósseis para que Tuvalu não afunde em três meses”. A ferramenta mais utilizada para a mudança de mentalidade necessária para o sucesso dessa ideia é, mais uma vez, o alarmismo. E a solução é flagrantemente óbvia: tornar a água mais cara para restringir o uso e aprovar novas regras para o uso aceitável e inaceitável da água, limitando as opções de uso aceitáveis e expandindo as opções de uso inaceitáveis.

Os autoproclamados Realistas Climáticos têm o objetivo de levar os políticos a implementarem políticas de energia e meio ambiente com base em uma avaliação sólida de seus custos e na compreensão das complexidades da ciência climática. Se concentra em comunicar os efeitos que o alarmismo climático terá no estilo de vida das famílias, se a narrativa alarmista continuar em sua trajetória atual.

Em tempos de catastrofismo climático, alarmismo, impactos repentinos, severos e catastróficos, “enfrente o clima ou enfrente um crash financeiro”, etc. o princípio do contraditório [Audi alteram partem (ou audiatur et altera pars), que significa “ouvir o outro lado”, ou “deixar o outro lado ser ouvido bem”] implica a necessidade de uma dualidade de partes que sustentam posições opostas entre si, de modo que tomemos decisões racionais e posições emocionalmente sustentáveis e moralmente defensáveis, conhecendo as pretensões e as alegações das partes, tanto dos “céticos”, quanto dos “alarmistas da mudança climática”.

Pragmatismo Climático

Pragmatismo é uma corrente filosófica surgida nos Estados Unidos no final do século XIX onde o valor de uma ideia ou teoria deve ser medido por suas consequências práticas e efeitos reais. Ou em outras palavras, uma ideia só tem sentido ou verdade se funciona na prática.

Pragmatismo climático seria uma abordagem para as políticas e ações de enfrentamento das mudanças climáticas que foca na eficácia prática e nos resultados reais, priorizando soluções que funcionam em vez de planos puramente teóricos ou ideológicos. Busca a adaptação e mitigação através de medidas concretas,

Características e exemplos:

Em vez de aderir a princípios abstratos, o pragmatismo climático avalia as ideias e estratégias com base nas consequências e nos seus efeitos práticos e na sua capacidade de resolver problemas climáticos reais com ações concretas como o planejamento urbano para áreas vulneráveis ou a redução da vulnerabilidade à seca e a desastres naturais, considerando as e os efeitos práticos das ideias.

A abordagem “de cima para baixo” (planejamento centralizado) é substituída por um modelo “de baixo para cima”, mais adaptado às realidades locais e às necessidades concretas das comunidades.

As “ciências climáticas” são dinâmicas, e sujeitas a testes e ajustes conforme novas experiências e resultados surgem na prática, caracterizando a necessidade de adaptabilidade, essencial numa área em constante mudança como o clima.

O pragmatismo climático não se limitaria a reduzir emissões (mitigação), mas também dedica especial importância das ações para que as sociedades se adaptem aos impactos inevitáveis do aquecimento global, como o aumento da vulnerabilidade a eventos climáticos extremos.

A adaptação climática – ajudar pessoas, animais e plantas a sobreviverem apesar da crescente volatilidade climática – deve ser uma prioridade urgente. Além de muito mais baratas, as medidas de adaptação só precisam ser implementadas se e quando necessário, em contraste com as medidas de mitigação, que exigem que os políticos aceitem as previsões dos cientistas sobre o clima futuro. Adaptar-se até mesmo aos maiores impactos das mudanças climáticas previstas é muito mais barato do que tentar mudar o clima em 2050.

Adaptação climática sem recursos financeiros é mero exercício de retórica. Existe a crença de que os recursos financeiros do Estado saem de lugar nenhum e que, portanto, o Estado pode tudo, devendo ser o provedor paternalista de todas as necessidades. A ausência de capital público para investir não é uma questão ideológica. É um fato insuperável da vida.

As pessoas apoiam a luta contra a mudança climática, desde que não envolva muito sacrifício pessoal ou econômico. À medida que as propostas para combater as mudanças climáticas se tornam mais invasivas, exigindo mudanças comportamentais ou de estilo de vida significativas, elas rapidamente despencam em popularidade.

Porém, os críticos afirmam que o “pragmatismo” supostamente permite que os políticos sejam a favor da ação climática sem realmente terem que fazer nada.
“Políticos usam linguagem como essa com cada vez mais frequência – autodenominando-se “pragmáticos” em relação às mudanças climáticas e invocando o “senso comum”. Parece razoável, reconfortante e adulto – o oposto de ativistas “histéricos” ou metas “irrealistas”.

Mas uma nova pesquisa que meus colegas e eu conduzimos, com base em uma década de entrevistas com parlamentares do Reino Unido, mostra que o “pragmatismo” político está rapidamente se tornando uma forma perigosa de atraso climático. Ao enquadrar ações urgentes como “extremas” e políticas constantes como “pragmáticas”, líderes de todo o espectro político estão protegendo o status quo dos combustíveis fósseis no exato momento em que os cientistas alertam que precisamos de uma mudança rápida e transformadora.

Descobrimos que os parlamentares utilizam a mesma linguagem pragmática para defender as empresas de combustíveis fósseis e insistir com seus eleitores que nada precisa mudar rápido demais.
Em nossas entrevistas recentes com políticos, parlamentares de todo o espectro político tenderam a mudanças graduais para manter o apoio político e público.

Aqui vemos a nuance e o perigo da linguagem pragmática. Ela permite que os políticos defendam duas posições simultaneamente. Eles podem reconhecer a necessidade de mudanças rápidas, ao mesmo tempo em que promovem uma posição “pragmática” contra elas.

Os apelos por pragmatismo pareciam advir do desejo dos parlamentares de apresentar argumentos racionais e fundamentados para a ação climática, sem interferir na vida dos eleitores. Eles também usaram o pragmatismo para se distanciarem de argumentos que retratavam como “extremos” ou “estridentes”.

A premissa equivocada subjacente a esses apelos ao pragmatismo é que o público não apoiará políticas climáticas ambiciosas e transformadoras. Concluímos que, enquanto há alguns anos os parlamentares promoviam políticas climáticas “dissimuladamente”, ou seja, o faziam discretamente, agora recorrem a ideias de pragmatismo na tentativa de manter um frágil consenso político em favor da neutralidade carbônica – um consenso que já está se fragmentando.

Em geral, os parlamentares com quem conversamos não estavam usando o pragmatismo de má-fé. Tratava-se, sim, de uma forma de navegar pelas complexidades da política climática, onde as enormes mudanças exigidas pela mitigação climática são consideradas desafiadoras demais para serem vendidas aos eleitores.” []

As energias renováveis (eólica, solar etc.) apenas geram eletricidade, enquanto o petróleo é base de muitos dos produtos de categoria essencial à sociedade atual. Com a tecnologia presente é impossível viver sem os mais de 6.000 produtos derivados de petróleo, que são a base dos nossos estilos de vida e da nossa economia. São fundamentais, por exemplo, em medicamentos, equipamentos médicos, vacinas, embalagens de alimentos frescos e congelados (só para citar algumas aplicações). Mas ainda não temos um plano reserva para substituir produtos derivados do petróleo (entre eles os plásticos), em qualidade, disponibilidade e preço.

Supostamente seria apenas uma questão de vontade e dinheiro mudar para toda a eletricidade do vento e do sol e que a população de 8 bilhões do mundo pode sobreviver sem os mais de 6.000 produtos em nossa economia e estilos de vida que dependem dos derivados de petróleo fabricados a partir de petróleo bruto. Uma vez que o uso de combustíveis fósseis é a espinha dorsal de todas essas partes da vida, faz sentido dizer que é “altamente improvável” que uma eliminação gradual de combustíveis fósseis seja apoiada quando os consumidores e contribuintes perceberem o impacto no dia a dia. Tentar substituir todos os subprodutos de combustível fóssil por biomateriais será impossível no curto prazo e extremamente difícil no longo prazo.

Correr Devagar

Correr devagar é correr num ritmo que permite conversar confortavelmente, o que corresponde a uma intensidade baixa, geralmente entre a Zona 1 e a Zona 2 da frequência cardíaca. O objetivo principal é construir a base aeróbica, aumentando a eficiência muscular e cardiovascular sem sobrecarregar o corpo, o que leva à melhoria da resistência e pode reduzir o risco de lesões.

A Zona 1 da frequência cardíaca é um esforço muito leve, geralmente entre 50% e 60% da frequência cardíaca máxima (FCmáx), usada para aquecimento, arrefecimento e recuperação ativa, onde a respiração é controlada e é possível conversar confortavelmente. A Zona 2 é um esforço leve a moderado, aproximadamente entre 60% e 70% da FCmáx, focada na construção da capacidade aeróbica e na queima de gordura, sendo ótima para treinos longos e desenvolvimento de resistência.

Correr devagar ajuda a construir resistência cardiovascular e força muscular, melhora a capacidade do corpo de transportar oxigénio, e fortalece articulações, ligamentos e ossos, prevenindo lesões ao permitir que o corpo se adapte ao esforço. Corridas leves, ou de recuperação, são cruciais para a evolução, pois otimizam a forma do corredor, aumentam a eficiência energética e protegem o corpo do desgaste excessivo, sendo essenciais para treinos de alta intensidade.

Benefícios esperados:

A baixa intensidade treina as fibras musculares de contração lenta, essenciais para o desempenho em corridas de resistência.

A corrida lenta permite uma maior percepção do movimento corporal, o que ajuda a aperfeiçoar a técnica e a postura, tornando a corrida mais eficiente.

Correr devagar permite que articulações, ligamentos, tendões e ossos se adaptem gradualmente ao impacto e ao estresse da corrida, reduzindo o risco de lesões.

Corridas leves são ideais para dias após treinos intensos ou provas, funcionando como recuperação ativa para ajudar o corpo a se reparar e se preparar para o próximo esforço.

Treinos em ritmo leve fortalecem o coração e os pulmões, melhorando a eficiência no transporte de oxigénio e a capacidade de sustentar atividades físicas por mais tempo.

Como Correr Devagar

Existem várias dicas de como correr devagar:

Fale durante a corrida: manter o ritmo leve é conseguir conversar confortavelmente durante a corrida, sem ficar ofegante.

Acompanhe o que os investidores de peso (Elon Musk, Larry Ellison, Mark Zuckerberg, Jeff Bezos, Larry Page, Sergey Brin, Bernard Arnault, Steve Ballmer, Jensen Huang, Warren Buffett, Bill Gates, Michael Bloomberg, Carlos Slim et al) estão fazendo em relação as mudanças climáticas e os resultados alcançados.

Avalie as iniciativas de seus concorrentes. Muitas iniciativas serão necessárias mesmo os princípios envolvidos não sejam os mais adequados, mas podem ser necessários para acompanhar a concorrência.

Há 165 anos, o naturalista britânico Charles Darwin publicava o livro “A origem das espécies” (1859) e mudava radicalmente a biologia com sua Teoria da Evolução. Darwin declara que “não serão os mais fortes que vão sobreviver por mais tempo, nem os mais inteligentes, mas sim aqueles que tiverem a melhor capacidade de adaptação”. Ou seja, a necessidade de sobrevivência, como exemplo, potencializa a descoberta de alternativas ou soluções para problemas ou dilemas enfrentados no dia a dia.

As ações afirmativas, atividades, iniciativas, projetos, programas, planos e políticas climáticas adicionarão vantagens competitivas (mensuráveis, reportáveis e verificáveis) ou comparativas em relação aos produtos e serviços ofertados pela organização/instituição/empresa? Nossas matrizes energética e elétrica, 3 vezes mais limpas (de baixo carbono) que a média mundial, favorecem nossas exportações de produtos e serviços? Apresentam impactos mensuráveis, reportáveis e verificáveis na receita ou no valor adicionado aos acionistas (privado ou público)?

Use a zona de frequência cardíaca: A maioria das corridas leves deve permanecer nas zonas 1 e 2 de frequência cardíaca, evitando a zona 4 (de alta intensidade), que deve ser reservada para treinos específicos.

Existe uma extensa legislação e normas infralegais (atos administrativos de hierarquia inferior à lei, como decretos, portarias e instruções normativas, que detalham e regulamentam a aplicação de leis) vigentes que regem as políticas e obrigações das mudanças climáticas: compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a proteção do sistema climático; a redução das emissões antrópicas de GEE; remoções antrópicas por sumidouros de GEE; medidas de adaptação climática; a preservação, a conservação e a recuperação dos recursos ambientais; a consolidação e a expansão das áreas legalmente protegidas; reflorestamentos e recomposição da cobertura vegetal em áreas degradadas; e o Mercado Brasileiro de Redução de Emissões – MBRE.

Garantir o Compliance Climático (conjunto de práticas adotadas para garantir o cumprimento de todas as leis, regulamentos, normas e políticas aplicáveis às mudanças climáticas, visando minimizar impactos negativos no clima e promover práticas sustentáveis) por si só já é um enorme desafio.

Passivos climáticos são o conjunto de todas as obrigações que as empresas/instituições/governos têm com as mudanças climáticas antropogênicas. Inclui além da legislação aplicável as exigências e compromissos assumidos e o cumprimento da Política Ambiental e climática da empresa, instituição ou governo.

A Zona 5: Máxima (90-100% da FCM) é a mais intensa onde o corpo trabalha com o máximo de esforço e, por isso, é possível sustentar esse nível de esforço por um tempo muito limitado. Por verossimilhança deve ser empregada somente na ocorrência de catástrofes climáticas ou ambientais e eventos críticos climáticos.

Consciência corporal: Atenção à postura, ao equilíbrio, ajustando a passada e o movimento para manter a eficiência mesmo em velocidades mais baixas.
Inovação em pegada de carbono – carbon footprint (uma métrica que mede a quantidade total de gases de efeito estufa (GEE), principalmente dióxido de carbono (CO2), libertada para a atmosfera) pode incluir atividades técnicas, concepção, desenvolvimento, gestão e que resulta na comercialização de novos (ou melhorados) produtos ou serviços, ou na primeira utilização de novos (ou melhorados) processos.

Fazer mais com menos recursos e menores emissões de GEE, por permitir gamas de eficiência em processos, quer produtivos quer administrativos ou financeiros, quer na prestação de serviços, potencializar e ser motor de competitividade.

A 1ª regra para ganhar dinheiro é… parar de perder dinheiro! Acompanhe as manifestações, artigos e publicações dos críticos e opositores das mudanças climáticas antropogênicas. Eles têm mais ensinar do que não fazer, do que seus colegas “lacradores”. Procure pessoalmente verificar, vivenciar (quando aplicável), experimentar (se necessário) e tirar suas próprias conclusões. Se ganhar dinheiro é um processo demorado, perder dinheiro é algo rápido.

Inovar possui caráter valorativo, na medida em que significa – mudar para melhor, corrigir ou adaptar a novas condições.

Comunique-se: Se estiver correndo em grupo, informe os outros que aquela será uma corrida de recuperação para si, para que possa manter o seu ritmo objetivo.
Erros estratégicos dos concorrentes lhe favorecem. Corra, mas devagar. A velocidade das mudanças é surpreendente. A curva de aprendizagem é tão veloz que iniciativas que foram saudadas como inovadoras e …. já foram abandonadas pelos péssimos resultados enquanto estamos estudando adotá-las e sequer tínhamos formatado a proposta adequadamente.

A concorrência pode motivar decisões que inicialmente não estaríamos dispostos a tomar. Por emulação ao tentar igualar-se a ou superar os concorrentes, podemos adotar/reproduzir iniciativas sem considerar os méritos intrínsecos e riscos associados.

“…toda hora fazemos bobagem… E sempre se faz dinheiro consertando bobagens alheias.” (Fernando G. Carneiro) “C’est la vie”

A liderança no segmento de atuação pode se dar pelo exemplo. Quando se mergulha na sustentabilidade e na economia de baixo carbono, ao liderar pelo exemplo é provável que os demais o sigam e, assim, tragam práticas mais inovadoras e responsáveis.

Conclusões

Nações que se precipitam em direção ao Net Zero (as energias renováveis supostamente limpa, verde e ilimitada são promissoras para um futuro sustentável) sem um plano estratégico podem enfrentar graves desafios econômicos e de segurança. Uma das consequências mais significativas, da transição para as energias renováveis é o aumento do custo da eletricidade. Está relacionado aos custos ocultos da transição para sistemas de energia renovável envolvendo armazenamento de energia, reforço ou ampliação dos sistemas de transmissão, fornecimento de serviços ancilares e geração de backup para completar a intermitência das fontes dependentes do clima.

“Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há-de poder, porque se perde em querer.” (Fernando Pessoa) Esta frase significa que apenas querer algo não é suficiente para consegui-lo. É preciso ter a capacidade, os meios incluindo autoridade para realizar aquilo que se deseja, entre eles a transição energética justa. É uma constatação sobre a diferença entre o desejo e a possibilidade de concretizá-lo.

No 21º livro da Bíblia, Eclesiastes, cuja autoria é creditada ao sábio Rei Salomão, acompanhamos histórias de vida contadas por um narrador, relatando suas experiências. As histórias registradas prenunciam a efemeridade das nossas vidas. A vida terrena seria passageira, ou seja, tudo o que aqui conquistamos e vivenciamos, por mais importante que seja, será um dia esquecido.

Eclesiastes 3 afirma que há um “tempo para tudo”, o que significa que a vida é cíclica e que todas as coisas têm um propósito e um fim, tanto as boas quanto as más. Nos lembra de aceitar as mudanças e entender que as circunstâncias são passageiras: a vida é composta de fases e experiências distintas, acompanhada de ciclos, mudanças e transitoriedade. Nada na vida dura para sempre; tudo o que acontece tem um começo e um fim, mesmo situações que parecem permanentes:

“Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu.
Há tempo de nascer, e tempo de morrer; tempo de plantar, e tempo de arrancar o que se plantou;
Tempo de matar, e tempo de curar; tempo de derrubar, e tempo de edificar;
Tempo de chorar, e tempo de rir; tempo de prantear, e tempo de dançar;
Tempo de espalhar pedras, e tempo de ajuntar pedras; tempo de abraçar, e tempo de afastar-se de abraçar;
Tempo de buscar, e tempo de perder; tempo de guardar, e tempo de lançar fora;
Tempo de rasgar, e tempo de coser; tempo de estar calado, e tempo de falar;
Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz.” (Eclesiastes 3:1-8)

 

Enio Fonseca – Engenheiro Florestal, Senior Advisor em questões socioambientais, Especialização em Proteção Florestal pelo NARTC e CONAF-Chile, em Engenharia Ambiental pelo IETEC-MG, em Liderança em Gestão pela FDC, em Educação
Ambiental pela UNB, MBA em Gestão de Florestas pelo IBAPE, em Gestão Empresarial pela FGV, Conselheiro do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico, FMASE, foi Superintendente do
IBAMA em MG, Superintendente de Gestão Ambiental do Grupo Cemig, Chefe do Departamento de Fiscalização e Controle Florestal do IEF, Conselheiro no Conselho de Política Ambiental do
Estado de MG, Ex Presidente FMASE, founder da PACK OF WOLVES Assessoria Ambiental, foi Gestor Sustentabilidade Associação Mineradores de Ferro do Brasil e atual Diretor Meio Ambiente e Relações Institucionais da SAM Metais. Membro do Ibrades, Abdem, Adimin, Alagro, Sucesu, CEMA e CEP&G/ FIEMG e articulista do Canal direitoambiental.com.

LinkedIn Enio Fonseca 

Decio Michellis Jr. – Licenciado em Eletrotécnica, com MBA em Gestão Estratégica Socioambiental em Infraestrutura, extensão em Gestão de Recursos de Defesa e extensão em Direito da Energia Elétrica, é Coordenador do Comitê de Inovação e Competitividade da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica – ABCE, assessor técnico do Fórum do Meio Ambiente do Setor Elétrico - FMASE e especialista na gestão de riscos em projetos de financiamento na modalidade Project Finance. https://www.linkedin.com/in/decio-michellis-jr-865619116/

Decio Michellis Jr.– Licenciado em Eletrotécnica, com MBA em Gestão Estratégica Socioambiental em Infraestrutura, extensão em Gestão de Recursos de Defesa e extensão em Direito da Energia Elétrica, é Coordenador do Comitê de Inovação e Competitividade da Associação Brasileira de Companhias de Energia Elétrica – ABCE, assessor técnico do Fórum do Meio Ambiente do Setor Elétrico – FMASE e especialista na gestão de riscos em projetos de financiamento na modalidade Project Finance.

Linkedin Decio Michellis Jr.

 

 

 

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