Relator se reunirá na terça com o governo para chegar a um texto mais consensual; projeto deve ser votado pelo Plenário na segunda semana de dezembro. Reportagem especial mostra opiniões de gestores públicos, empresários, trabalhadores e ambientalistas sobre a proposta que reestrutura o setor que movimentou R$ 190 bilhões em 2012.
A mineração desempenha papel importante na economia brasileira: é responsável por 4,3% do Produto Interno Bruto (PIB), tendo movimentado quase R$ 190 bilhões em 2012. Especialistas alertam, no entanto, que o setor enfrenta uma série de barreiras legais que impede a exploração dessas potencialidades.
O atual Código de Mineração (Decreto-Lei 227/67) foi publicado durante o regime militar. Para atualizá-lo, o governo federal enviou ao Congresso Nacional uma nova proposta (PL 5807/13), que se juntou a outros seis projetos de lei (PL 37/11 e apensados) sobre o assunto que já tramitavam na Câmara dos Deputados desde 2011.
Entre outros pontos, o texto do Executivo transforma o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM) em agência regulatória do setor e dobra os royalties pagos a estados e municípios mineradores por meio da Compensação Financeira sobre Exploração Mineral (CFEM). A matéria, porém, ainda não tem consenso.
Negociações
O relator, deputado Leonardo Quintão (PMDB-MG), informou que na próxima terça-feira (3) tentará fechar acordo com o governo para finalizar seu parecer e votá-lo, na comissão especial que analisa a proposta, na quarta-feira (4). “A negociação está difícil”, reconheceu. Quintão adiantou que vai fazer mudanças profundas no texto original, muitas delas nascidas de sugestões apresentadas nas quase 40 audiências públicas que o colegiado promoveu em todo o País. Só para ter uma ideia do volume de alterações, o projeto do Executivo chegou à Casa com 59 artigos, enquanto o relatório preliminar já divulgado tem cerca de 130.
O presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves, marcou para os dias 10 e 11 de dezembro a votação do texto no Plenário – o compromisso foi assumido durante reunião com os integrantes da comissão especial do novo Código de Mineração. O governador de Minas Gerais, Antônio Anastasia, e representantes dos governadores do Pará e do Espírito Santo também participaram do encontro, além de empresários, prefeitos e trabalhadores. Henrique Alves se prontificou a participar da negociação final do relator com o Executivo e reafirmou: “na semana seguinte, a matéria será apreciada pelo Plenário”.
Conheça as reivindicações de: |
O presidente da comissão especial, deputado Gabriel Guimarães (PT-MG), e demais integrantes do grupo contam com o apoio dos governadores e dos prefeitos de entes produtores. “Os empresários precisam de segurança jurídica e estados e municípios mineradores necessitam de recomposição financeira”, afirmou Anastasia. Segundo ele, a arrecadação anual de Minas Gerais só com a CFEM deve passar de cerca de R$ 300 milhões para aproximadamente R$ 800 milhões quando o novo código entrar em vigor.
"Pela primeira vez um projeto, mesmo sem ser unanimidade, atende aos interesses dos estados e municípios, do setor produtivo e dos trabalhadores”, apontou o presidente do Sindicato Nacional das Agências Nacionais de Regulação (Sinagências), o potiguar João Maria Medeiros de Oliveira.
A proposta do governo, entretanto, sofre severas críticas dos defensores da causa ambiental.
Ouça essa reportagem na versão da Rádio Câmara.
Continua:
- Ambientalistas e moradores de regiões afetadas consideram novo código um “retrocesso”
- Trabalhadores pedem mais segurança; empresários temem "apagão mineral" se texto original for aprovado
- Municípios querem compensação financeira e mais autonomia
- Relator do Código de Mineração aceita sugestões da sociedade civil
- Deputados encontram estrutura sucateada no DNPM
Reportagem – José Carlos Oliveira
Edição – Marcelo Oliveira
Fonte: Agência Câmara de Notícias