WILHAN SANTIN
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM LONDRINA
Uma "minicidade" com cerca de 12 mil habitantes, no norte do Paraná, não tem escola, creche nem posto de saúde. Comércio, só informal.
Iniciado em 2009, no governo Lula, e considerado anos atrás o maior canteiro do Minha Casa, Minha Vida no país, o conjunto habitacional Vista Bela tem 2.712 moradias, construídas longe do centro de Londrina e entregues há um ano. Se fosse uma cidade, seria mais populosa que 242 dos 399 municípios do Paraná. São 1.272 casas geminadas, de 35 m², e 1.440 apartamentos, de 42 m².
A auxiliar de costureira Jenaína Ribeiro dos Santos, 24, é uma das moradoras. Todos os dias ela acorda às 4h, junto com o casal de gêmeos Jaqueline Rebeca e Daniel Miguel, de dois anos.
Madrugar é necessário para que tenha tempo de deixar as crianças em uma creche, em outro bairro, para depois seguir para o serviço.
"Se houvesse creche aqui perto simplificaria muito a minha vida e seria mais confortável para as crianças. No inverno, elas tomam muita friagem", diz Jenaína, que ainda desembolsa R$ 250 todos os meses para que uma vizinha cuide de seu filho mais velho, João, 5.
A prefeitura da cidade ainda gasta cerca de seis mil reais por dia para levar as criancas que moram no bairro para creches e escolas de diversas partes da cidade
O PREÇO DA DISTÂNCIA
A falta de estrutura e planejamento custa caro ao município. Como não há escola na "minicidade", a prefeitura fechou um contrato emergencial com uma empresa de ônibus que recolhe cerca de mil crianças no Vista Bela e as distribui por 23 colégios.
O custo mensal é de R$ 128 mil e passará de R$ 1 milhão até que o residencial ganhe escolas, o que deve ocorrer só no final de 2013. Os ônibus pagos pela prefeitura levam somente crianças mais novas do ensino fundamental.
Estudantes a partir do sexto ano precisam pagar a passagem do transporte coletivo, o que obrigou os filhos adolescentes do carpinteiro Vilvaldo dos Santos, 48, a morar fora do Vista Bela para economizar esse dinheiro.
"Eles estão com a avó, assim ficam perto da escola. Aqui falta tudo", diz o pai. A passagem de ônibus custa R$ 2,20 (estudante paga meia).
Outro drama é a falta de posto médico. Quem precisa recorre ao posto do bairro vizinho, distante 2 km e que não atende à demanda.
Responsável por uma irmã e um sobrinho com deficiência mental, Dolvanir Pires, 60, reclama da falta de planejamento do poder público.
"Demoraram mais de um ano para fazer as moradias. Por que não fizeram um posto de saúde junto?"
Colaborou NELSON BARROS NETO, de Salvador