A imprensa chinesa cobrou do governo, nesta segunda-feira, providências contra a poluição atmosférica que nos últimos dias cobriu várias regiões do país em níveis perigosos, e um jornal chegou a questionar a "fixação" com o crescimento econômico.
A imprensa chinesa está sob rígido controle do Partido Comunista, e geralmente evita polêmicas, mas os meios de comunicação têm mais liberdade para falar da poluição, em parte porque não pode ser escondida do público.
Durante o fim de semana, Pequim registrou o índice de 755 numa medição de partículas no ar. O nível de 300 já é considerado perigoso, embora a Organização Mundial da Saúde recomende no máximo 20.
"Como podemos sair desse sufocante cerco da poluição?", perguntou o Diário do Povo, jornal oficial do Partido Comunista, em seu editorial de capa. "Que vejamos claramente a gestão da poluição ambiental com um sentido de urgência", acrescentou o texto.
Uma espessa névoa poluente cobriu a capital chinesa no fim de semana, reduzindo a visibilidade e levando muita gente a comprar máscaras. Foi a pior qualidade do ar já registrada na cidade, segundo Zhou Rong, ativista do Greenpeace.
Na tarde de segunda-feira, o índice de material particulado continuava em 321, segundo dados colhidos e divulgados pela embaixada dos EUA.
O jornal popular The Global Times disse que a situação do ar "chocou os moradores… gerando apelos do público para que o modelo de desenvolvimento do país se afaste da anterior fixação com o crescimento econômico".
A reportagem informou que a nuvem poluente se estende pela maior parte da planície setentrional chinesa.
Em dias frios e sem vento, os poluentes emitidos por carros não têm como se dissiparem. Além disso, muitos chineses queimam carvão para se aquecerem nesta época.
Mas o Diário da China também culpou os arranha-céus de Pequim pela poluição, por supostamente dificultar a circulação do ar.
Segundo o Diário do Povo, cerca de metade das 74 cidades onde há monitoramento da qualidade do ar registaram níveis alarmantes de poluição no fim de semana.
As autoridades orientaram moradores a ficarem em casa, e determinaram que as frotas oficiais de veículos restrinjam sua circulação.
Por Terril Yue Jones, PEQUIM, 14 Jan (Reuters).